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segunda-feira, 26 de outubro de 2015

OCUPE O MUSEU (COM) MEMÓRIAS DE GOIÂNIA: O PÚBLICO COMO CONSTRUTOR DE CONTEÚDOS

  •  O projeto Diálogos em Rede tem o sentido de estabelecer debates, o compartilhar de ideias e novas criações, a partir da qualificação e articulação dos profissionais no campo da Educação em Museus;
  •          Serão divulgados a cada três meses, através dos meios de comunicação via internet: Facebook, e-mail e blog da REMRS, um artigo;
  •     Para iniciarmos solicitamos que realizem uma primeira leitura de identificação dos aspectos da estrutura, que viabilizem a compreensão e observação das características abordadas no texto; imagens; fontes; espaços;
  •       Onde e qual a instituição que esteve envolvida na experiência; ocorreram ações culturais, quais as atividades que foram desenvolvidas até a abertura da exposição? 
  •         Vamos lançar dois quadros, cada um com um rol de quesitos. O 1º para auxiliar na leitura acima descrita; e o 2º com questões sugerindo uma Reflexão Provocativa visando à discussão e à interação entre, quem se interessar possam pelo diálogo, e a coordenação da REMRS:

QUADRO 1 – Roteiro para compreensão do texto: 

1)     Os museus contemporâneos têm voltado seu olhar para contextos específicos, saindo de uma tradição de grandes panoramas e de representação do outro para a apropriação da noção antropológica de alteridade mínima (Peirano 1999).

Fonte: Peirano, Marisa. 1999. “Antropologia no Brasil (Alteridade Contextualizada).” In O que Ler na Ciência Social Brasileira (1970–1995), organizado por Sérgio Miceli. São Paulo: Editora Sumaré e Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais.

2)     Também podemos perceber a tendência a uma nova forma de abordagem biográfica, não por um viés da memória do poder, marcado pela representação e biografias das elites, mas pelo fortalecimento do poder das memórias das minorias e pela valorização das subjetividades, segundo o que ensina Chagas (2002).

Fonte: Chagas, Mário. 2002. “Memória e Poder: Dois Movimentos.” Cadernos de Sociomuseologia (19): 43–81
             








    Diante das duas afirmativas acima, convidamos a realização para um roteiro da primeira leitura do artigo em questão. Para tanto, propomos a reflexão inicial: -  em que sentido o Museu Antropológico diferenciou-se de outras instituições culturais, em especial, por ocasião da exposição Ocupe o museu (com)memórias de Goiânia?
       











A EXPERIÊNCIA DE CURADORIA - “As novas demandas se concretizam, dentro dos museus, no desenvolvimento de ações culturais de grupos reduzidos que procuram participar integralmente dos processos de trabalho museológicos...”

·         Espaço de exposições-produto e do discurso técnico.
·         Ser um lugar onde o processo construído participativamente ocupa o centro das atenções.
·         Os discursos definitivos, abrangentes, totalizadores.
·         Cedendo espaço às experimentações feitas de discursos-fragmento.

- as lacunas e incompletudes, assim como as disputas de poder e de espaço de representação vão também sendo explicitadas e colocadas em perspectiva -

3)       Neste contexto, a Investigação Biográfica assume-se como uma proposta de construção de uma narrativa museológica direcionada para a inclusão social e para o empoderamento das comunidades (Leite 2012, 5).

Fonte: Leite, Pedro Pereira. 2012. Objetos Biográficos: A Poética da Intersubjetividade em Museologia. Lisboa: Marca D’Agua Editores


   4)   Todo o esforço deve ser feito para vencer barreiras entre o público e o museu, que são não somente de ordem física, mas cultural, social, atitudinal, entre outras (Pastor Homs, 2009, 138-139).

Fonte: Pastor Homs, Maria Immaculada. 2004. Pedagogía Museística: Nuevas Perspetivas y Tendencias Actuales. Barcelona: Ariel.

       5) Segundo Hooper-Greenhill (1998, 96), entre as razões para as pessoas não visitarem os museus aparecem, nas pesquisas qualitativas, não somente o argumento da falta de tempo, mas a sensação de que é uma instituição destinada a pessoas mais refinadas, além de serem austeros, proibitivos e sem renovação.

Fonte: Hooper-Greenhill, Eilean. 1998. Los Museos y Sus Visitantes. Gijón: Ediciones Trea.

Romper todas as barreiras.

      6) Quais as barreiras que estão descritas no texto? Quais limitações você identifica, sobre o público que “NÂO” frequenta as instituições que você conhece ou que você trabalha.

       7)  Este texto pretende relatar e analisar, sob os pontos de vista já apresentados, uma experiência de participação biográfica no Museu Antropológico (MA) da Universidade Federal de Goiás (Goiânia, Centro-Oeste do Brasil), cujo mote foi um convite aos moradores de seu entorno para atuar como construtores de conteúdos no museu.


Conforme o texto:
Não pretendíamos que estas pessoas viessem somente como visitantes....”

Como se pretendia que os cocuradores viessem ao museu?

Quando o MA foi criado e inaugurado? Qual sua categoria?

Qual foi a primeira incursão do MA? Qual foi seu objetivo?


“O exercício de interlocução estava voltado para criar situações que promovessem a passagem dessas pessoas da condição de não-público não somente para a de público, mas principalmente para a de protagonistas de uma ação cultural no MA” – Para reflexão.

8) Identifique, através da sua leitura, quais as relações de trabalho do MA reservadas aos grupos indígenas (parte 7 e 8 do artigo)

Sobre a exposição de longa duração Lavras e Louvores,
O Museu Antropológico da UFG utiliza até mesmo de linguagens da arte contemporânea – as famosas instalações – para se referir ao indígena existente no território nacional, constituindo- se num elemento diferencial em relação às demais narrativas analisadas. É necessário ressaltar também que essa exposição, talvez por ser mais recente que as demais, inova na utilização de recursos expográficos e na abordagem antropológica apresentada (Vasconcellos 2012, 135).
9)    Quando foi inaugurada a exposição “Lavras e Louvores”? Qual foi o objeto de pesquisa desta exposição?

10)  O que afirma o texto de abertura da exposição “Lavras e Louvores”?

11) Como esta experiência teve início?

Moutinho (1994, 7) que propõe o deslocamento do papel da exposição nos museus: Expor é ou deveria ser, trabalhar contra a ignorância, especialmente contra a forma mais refractária da ignorância: a ideia pré-concebida, o preconceito, o estereótipo cultural. Expor é tomar e calcular o risco de desorientar - no sentido etimológico: (perder a orientação), perturbar a harmonia, o evidente, e o consenso, constitutivo do lugar comum (do banal).

A experiência de cocuradoria 

1º A ideia da exposição Ocupe o Museu (com) Memórias de Goiânia inscreve-se como uma dessas ações e, como já foi dito, surgiu em reuniões conjuntas da equipe do MA com o curso de Museologia, para pensar a programação da Semana de Museus4 de 2012;

2º Proposta de aproximação/ interlocução com o chamado não-público, isto é, aqueles que não frequentam o MA;

3ºAbordagens pessoais e entrega de convites impressos: para quem e qual o objetivo?

4º O trabalho de campo: como foi realizado e quem participou  desta etapa?

5ºEntre os que participaram das reuniões estavam estudantes

6º Encontros;  sensibilização com a mostra de um filme; visita guiada à exposição Lavras e Louvores.


12) O que entendes por “ação Cultural”? E o que é ser público e serprotagonista?

De início, a experiência de ocupar o MA pelo não-público trouxe a reflexão sobre as intersubjetividades em Museologia, ou «uma viagem na construção dos processos museológicos», como proposto por Leite:
Nas narrativas museológicas tradicionais, a construção do conhecimento está centrada no museólogo, que legitima a produção do discurso nos objetos socialmente significativos que ilustram e interagem com essa a narrativa legitimando-a. Uma Museologia crítica procurará romper com esta relação viciada entre um sujeito (museólogo) ungido por um saber legitimado (no exterior) e o objeto significativo (revelado pelas relações sociais).
Procura romper com as relações centradas na produção de narrativas hegemónicas que se reproduzem a si mesmas, reinventando-se incessantemente a si mesma. Procura romper esta relação por via da busca do conhecimento do outro, através dele mesmo. Na proposta da intersubjetividade a narrativa museológica é construída pelo outro. Daí a importância da sua palavra e da sua ação na construção do processo museológico. Não é a construção duma ideia criada no seio duma comunidade hegemónica que prevalece, mas sim o processo de construção dessa hegemonia como ação que se constitui como narrativa. (2012, 16)


13)     Qual o processo de ações elencadas em partes do texto enumeradas de 15 a 18 e que fazem parte da coleta de informações aos recursos expográficos e que formaram a matéria da exposição Ocupe o Museu (com) Memórias de Goiânia.

 14)    Cite alguns dos objetos que foram trazidos pelo grupo durante as reuniões. Qual objeto citado no texto foi doado para o MA?

Reflexões sobre a ocupação do Museu Antropológico

Segundo Leite:
Os objetos biográficos transportam a densidade de significados que compõem as diferentes experiências dos sujeitos, as suas expectativas de ação e a natureza relacional onde a interação se processualiza. Esta riqueza pode ser apropriada pelo olhar museológico para construir uma prática de relacionamento entre o individual e o social ou vice-versa, na medida em que para além da sua natureza reflexiva, como forma de consciência do real a interação biográfica assume-se como uma prática de integração de dados e com uma prática transformacional. (2012, 23)

15)    Qual o papel assumido pelo Museu Antropológico?
Existir na contemporaneidade é ser heterogéneo, diverso e fragmentado.

16) Em que ocasião houve um momento emblemático referido no texto?

17) As autoras demonstram a sensação de que o MA e sua equipe tenham “... cumprido o objetivo do projeto Ocupe o Museu” – em que sentido e por quê?

18) Qual o período da exposição Ocupe o museu no MA? E quais seus desdobramentos?

19) Em que sentido podemos considerar que o processo desenvolvido na exposição  foi uma ação de inclusão social? 

«desenvolvimento de ações culturais que tenham impacto político, social e econômico, e que podem ter alcance tanto a curto quanto a longo prazo» (Aidar 2002, 60). 

“Para concluir, lembramos as advertências de Soulier (2013), que na sua tese propôs dar a palavra aos autóctones e questionar a capacidade das exposições dos museus expressarem diferentes pontos de vista. Para esta autora, o museu afirma-se como um lugar de reconhecimento não somente quando promove relações entre visitantes e exposições, mas quando se apresenta também como um espaço de produção. Hoje, é importante que o museu se coloque numa posição de abertura para que a construção de conteúdos e a produção de sentidos sejam propostas pelas comunidades e não somente de dentro para fora.” (Manuelina Maria Duarte Cândido e Nei Clara de Lima).

Após realizarmos a leitura detalhada, vamos propor algumasReflexões Provocativas sobre conceitos e práticas, expostos no presente artigo.
Esperamos ter auxiliado a todos a realizarem uma proveitosa leitura e inclusive reconhecer alguns expoentes aqui citados por indicação das autoras.

Márcia Vargas / Márcia Bamberg / Amanda Eltz

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